Era daqueles moradores que reclamava de tudo no condomínio…
Se a área comum era limpa, por que tanto barulho? Se não a limpavam, por que não? Se o portão da garagem era aberto rapidamente para ele, por que não pediam para confirmar se era ele mesmo? Se não abriam, e pediam a ele que abaixasse o vidro do carro, como não sabiam que era ele?
Quando passeava com seu cão pela trilha dentro do condomínio também não era diferente: reclamava se o abordavam ou não!
Enfim, “o” chato!
O livro de ocorrências, para se ter uma ideia, daqueles de capa dura, pautado, com cem folhas numeradas, fora preenchido quase todo só por ele…
Sem contar os e-mails…
Um belo dia, a administradora recém-contratada recebeu e-mail reclamando do fato de não estar sendo feito o treinamento dos funcionários do condomínio, já que tal compromisso constava do contrato de prestação de serviços.
A resposta foi clássica, de que deveria ter havido algum mal entendido, posto que à administradora cabe administrar condomínios, e o contrato não previa o treinamento de funcionários.
Mas, aí, teve uma particularidade: o nome dele, sem querer, foi trocado por Arnóbio. O gerente – que havia caprichado na resposta – fez algum tipo de confusão, sem se dar conta…
Ao receber a resposta, ignorou todo o texto e, imediatamente, fulminou seu interlocutor com outro e-mail, reclamando que não se chamava Arnóbio.
Porém, algo nervoso enquanto digitava, Astolfo também se confundiu e chamou de Ricardo o gerente que, na verdade, chamava-se Ronaldo.
Ronaldo, então, aproveitando o gancho, habilmente reverteu a situação com doses generosas de bom humor, e, felizmente, tudo acabou bem!
Hoje, eles até são amigos…
Embora Astolfo continue, ainda, muito chato!
Dizem por aí que todo condomínio tem um chato. Até o incluem naquela famigerada lista dos problemas recorrentes, iniciadas pela letra “c”: cachorro, criança, carro, cano e calote.
Embora ache temerário generalizar, nem todas as pessoas têm capacidade intrínseca para habitar em condomínios, são inflexíveis, irascíveis e intolerantes.
A convivência nesse tipo de moradia requer bom senso, compreensão e muita civilidade.