A preocupação com o uso consciente dos recursos naturais e as implicações para o nosso bem viver estão em evidência como nunca. O tempo tido como distante, em que sofreríamos os malefícios do uso irracional dos recursos naturais é algo concreto e não mais enredo de filmes de ficção científica.
O prejuízo de uma consciência ambiental equivocada é problema presente, mas tem origens no passado remoto. A pretensa superioridade de nossa espécie (por contar com o atributo da racionalidade) sobre a natureza, algo muitas vezes tido como distinto e inferior, foi uma das bases de nossa civilização e sofreu pouquíssimos questionamentos durante a história. Sem dúvida é um ponto central para a discussão de novos padrões econômicos, sociais e culturais garantidores de nossa existência enquanto espécie.
Origens do problema
Relatos da “batalha do homem contra a natureza” estão presentes desde as primeiras civilizações. Vejamos o exemplo da grande epopeia de Gilgamesh, texto da antiga Mesopotâmia, datado de aproximadamente 4700 a.C.. Em seu estudo, Estela Ferreira nos mostra como a epopeia é indício do surgimento dessa cisão entre civilização e natureza em pleno surgimento da Civilização Ocidental. A luta de Gilgamesh contra Humbaba, o guardião da floresta, simboliza a suposta “vitória” do homem contra o mundo natural, que perpassou toda a nossa História e ainda está na arquitetura de nossas cidades, nos nossos padrões de alimentação, enfim, em nossa rotina.
Aqui no Brasil, a percepção da natureza como uma força contraditória ao desenvolvimento também esteve presente.