O solo é um dos elementos naturais essenciais para a existência de vida no planeta, e a desertificação está ligada com as suas muitas formas de degradação, sendo caracterizada pela transformação de uma área vegetativa em deserto e podendo ser causada de modo natural (variações climáticas) ou pela atividade humana. A interferência do homem na realização de atividades de forma insustentável na terra é o principal responsável por tal ocorrência.
O processo e seus efeitos
O fenômeno pode ser descrito como a perda da capacidade produtiva dos solos, deixando-os áridos e inférteis, e ocorre muitas vezes porque as atividades econômicas desenvolvidas em determinada região ultrapassam a capacidade de suporte e de sustentabilidade do solo. Isso quer dizer que a terra perde seus nutrientes e a capacidade de fazer nascer qualquer tipo de vegetação, seja florestas naturais ou plantações feitas pelo ser humano.
A ONU classifica como desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência localizadas nas regiões de clima semiárido, árido e subúmido seco, e esse processo provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos; isso porque o processo afeta a produção e oferta de alimentos, promove a migração das populações para os centros urbanos, gerando a pobreza, além de prejudicar a fauna e flora do local, com possibilidade de causar até a extinção de determinadas espécies.
As causas do processo são diversas: intensos desmatamentos, mineração, expansão da agropecuária, irrigação mal planejada, sobreuso ou uso inapropriado da terra, e todos esses eventos contribuem para a perda de substâncias do solo levando à redução da cobertura vegetal, ao surgimento de terrenos arenosos, à perda de água do subsolo e à erosão eólica e, sem essa vegetação, as chuvas vão rareando, o solo vai ficando árido e sem vida, e a sobrevivência fica muito difícil. Os moradores, agricultores e pecuaristas geralmente abandonam essas terras e vão procurar outro lugar para viver.
O crescimento demográfico e a consequente demanda por energia e recursos naturais também exerce pressão pela utilização intensiva do solo e dos recursos hídricos.
Resumindo, algumas das principais consequências da desertificação são:
-Eliminação da cobertura vegetal;
-Redução da biodiversidade;
-Salinização e alcalinização do solo;
-Intensificação do processo erosivo;
-Redução da disponibilidade e da qualidade dos recursos hídricos;
-Diminuição na fertilidade e produtividade do solo;
-Redução das terras agricultáveis;
-Redução da produção agrícola;
-Desenvolvimento de fluxos migratórios.
E esse fenômeno atinge, aproximadamente, 15% da superfície terrestre, presente em mais de 110 países, afetando a vida de mais de 250 milhões de pessoas; ele é, portanto, um problema de ordem global. As regiões mais atingidas pela desertificação são: o oeste da América do Sul, o nordeste do Brasil, o norte e o sul da África, o Oriente Médio, a Ásia Central, o noroeste da China, a Austrália e o sudoeste dos Estados Unidos.
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 13% do território brasileiro é vulnerável à desertificação, pois é formado por áreas semiáridas.
Combate a desertificação
O problema da desertificação passou a despertar o interesse da comunidade científica no início do século XX. Contudo, somente no século XXI passou a ser destacado como um sério problema ambiental, devido ao seu impacto social e econômico, já que o processo ocorre de forma mais acentuada em áreas correspondentes aos países subdesenvolvidos.
O Brasil assinou, em 1995, acordos com programas da ONU contra a desertificação. O Plano de Ação de Combate à Desertificação passou a vigorar em 2000.
De acordo com o diretor do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, é possível enfrentar e conviver de forma sustentável com o problema, a partir de alternativas e métodos específicos, muitas vezes já utilizados por pequenos agricultores, “Como exemplo temos a construção de cisternas de baixo custo para armazenamento de água por maiores períodos e adoção de práticas corretas de irrigação (água em excesso causa o acúmulo de sais mineiras que, também em excesso, fazem mal ao solo e causam a degradação do solo) como práticas de convívio com a semiaridez.”