O novo condomínio é de casas num bairro nobre de uma capital do sudeste do país; a assembleia geral de instalação tinha acontecido há apenas alguns dias.
Em nome da gestão democrática decidiram, informalmente, que haveria revezamento na administração do condomínio. Ou seja, a cada ano um dos condôminos seria o síndico.
O alto poder aquisitivo, evidenciado por valiosos carros na garagem, além de motocicletas de altas cilindradas, aliado à movimentação de filhos indo e vindo, com seguranças e babás esbaforidos atrás deles! – ensejava, em tudo por tudo, enredo propício à cobiça de marginais.
Cientes deste risco potencial, os condôminos resolveram contratar uma empresa de consultoria em segurança, cujos donos eram israelenses e haviam trabalhado na polícia secreta de seu país de origem.
Assim, chegou o dia em que o respeitável Manual de Segurança do Condomínio foi entregue. Dezenas de páginas, fina encadernação, papel de qualidade, fotos, gráficos, diagramas, tabelas, passo a passo em cada situação específica, ao entrar, ao sair, nas vinte e quatro horas do dia, cada dia da semana. Tudo detalhado, realmente, um primor!
É preciso lembrar que na entrada da garagem havia uma clausura: um portão externo mais robusto e um portão interno com abertura automática, na vertical, todo design. Uma particularidade digna de nota é que somente o portão interno demorava cerca de vinte a vinte e cinco segundos para abrir, de baixo para cima, bem na vertical.
O processo de adaptação ao novo modelo de segurança transcorria bem até que, em determinado momento, um condômino – executivo e dono de uma grande empresa – saiu atrasado para uma reunião importante. Logo, ele não esperou o portão estar totalmente aberto e saiu com sua Mercedes a toda velocidade… E o portão, ainda subindo, bateu no teto de seu carro.
Além de danificar o carro, o funcionamento do portão também ficou comprometido, colocando em risco as demais pessoas que ali residiam ou trabalhavam. Nem é preciso dizer que mais dois seguranças extras foram contratados, a partir daquele dia, e até que o portão fosse consertado.
Quem pagou por eles?
– Detalhe de somenos importância…
Todos nós sabemos que a segurança em condomínios é assunto sério, que merece toda atenção.
É óbvio que empreendimentos de alto padrão chamam mais a atenção, pela simples perspectiva de que a ação naqueles locais seria potencialmente mais rentável aos meliantes.
Nunca é demais tomar os cuidados devidos, esmerando-se na prevenção de incidentes que possam colocar em risco a todos que ali transitam, especialmente condôminos e seus familiares.
Dentro, claro, dos respectivos orçamentos…