Num condomínio residencial de classe média-alta, um senhor quase octogenário, simpático, todo solícito, a procurou, pois ele ia começar a construção de sua casa ali próximo.
O regulamento interno do condomínio proibia que material de construção ou entulho fosse deixado na calçada ou no arruamento do condomínio. Pesadas multas eram previstas.
E, entre o lote dele e a casa dela havia dois terrenos vazios, de sua propriedade.
Ela, de boa índole, emprestou o terreno na camaradagem, e tudo transcorreu bem até o término das obras: o lote foi limpo, conforme combinado. Apenas que – sabendo ele ou não – os empreiteiros acabaram descartando sobras de concreto, latas de tinta, pincéis usados e entulho, também no outro lote.
Ao procurá-lo, percebeu que, inexplicavelmente, toda aquela cortesia inicial deixou de existir, o que a desapontou bastante. Ela, sequer, conseguiu falar com ele.
Certo dia, numa agência bancária, se encontraram por acaso. Quando ela tocou no assunto do outro lote, deixado sujo, ele desconversou…
Situação típica de relações entre vizinhos.
Quando procurada, ao emprestar seu terreno, a condômina ajudou a facilitar a execução da obra da nova casa de seu vizinho, sabedora que era do convívio que teriam no futuro.
Ele, por outro lado, marinheiro de primeira viagem, como se diz, nunca tinha morado em condomínios, ignorou regras fundamentais da boa convivência, a cortesia, urbanidade, gentileza, polidez, aliás preceitos básicos quando se propõe a viver nesse tipo de moradia.