Rebeca é uma pessoa fina, culta, daquelas que transitam em qualquer ambiente – sofisticado ou muito simples – com a mesma desenvoltura.
Heitor, seu marido, é funcionário de uma empresa estrangeira, cujos donos ainda não vieram definitivamente para o país, mas, cada qual adquiriu um apartamento num dos empreendimentos de alto padrão da zona sul da capital: um belo condomínio-clube.
A Heitor – que é muito competente e querido dos patrões – foram confiadas as chaves dos imóveis para qualquer eventualidade e, quando quisesse, usufruir de todos os itens de lazer do condomínio.
Assim, certo dia, Rebeca e seu personal trainer estavam na academia do condomínio quando, de repente, entrou uma senhora falando alto… com ninguém! Indignada, ela discorria sobre um barulhão que dizia vir do apartamento de cima:
“Barulho insuportável de salto de sapato pra lá, salto de sapato pra cá! Ai, ai, não aguento mais!!!” – desabafou a mulher.
Quando percebeu a presença de Rebeca, aproximou-se e disparou:
– “Ah, que-ri-da, não é você, é? Qual é o seu apartamento?”
De pronto, e sem titubear, Rebeca respondeu:
– “2204 e 2205, mas não moro aqui, é só investimento!”
Barulhos, nem seria preciso dizer, são reclamações recorrentes em condomínios.
Quando ocorrem diuturnamente podem minar a sanidade mental do cidadão, como parece ter acontecido com a senhora que dialoga com Rebeca, nossa protagonista.
O direito ao descanso é sagrado, e protegido por lei. Não é aconselhável relevar, seja a que título for, quando se convive com vizinhos barulhentos, por mais “gente fina” que possam ser.
Abra um diálogo franco com eles, exponha a situação e deixe-os demonstrar que merecem sua consideração.