O projeto era grandioso, e sem sombra de dúvida, um dos precursores do condomínio-clube naquela metrópole.
Inúmeros itens de lazer, tudo de primeira: quadra de tênis, piscina aquecida, sauna, squash, salão de festas cinematográfico, e muitos outros detalhes com objetivo de proporcionar conforto aos privilegiados que ali residiriam.
A estrutura de segurança foi muito levada a sério, investindo-se polpudas somas com equipamentos de última geração, e o projeto também contemplava um heliponto privado, um dos poucos homologado na Agência de Aviação Civil.
Certo dia, quando visitava o andamento das obras em seu apartamento, um condômino – que iria fazer uso diário do helicóptero quando estivesse morando ali – já estava de saída quando avistou o gerente predial e voltou para uma rápida conversa. E, de repente, a palavra “heliponto” veio à baila.
Ambos olharam lá para cima, praticamente ao mesmo tempo… Nem sinal do heliponto!
O futuro condômino voltou a estacionar o carro e subiu para o pavimento onde estava o escritório improvisado do engenheiro-gestor. Conversa daqui, conversa dali, plantas e projetos abertos na mesa.
“Cadê o heliponto que está bem aqui?!” – perguntou ele, com o dedo na planta…
Assim, o heliponto foi construído, sem que houvesse atraso significativo no cronograma final, e tudo terminou bem, apenas o custo envolvido é que ficou impublicável…
Problemas com construtoras são recorrentes…
Este, como um capítulo do causo anterior, apresenta uma particularidade, que é a obra ter sido contratada a preço de custo, e uma empresa de engenharia que a gerenciava.
Não se sabe o que aconteceu exatamente… Embora o heliponto constasse do projeto, até aquele instante em que o condômino levantou a questão, ninguém havia tomado qualquer providência.
Sabe-se que, pelo adiantado das obras, a harmonia arquitetônica ficou um pouco comprometida. Apenas isso!
Afora o custo, que foi objeto de muita, muita discussão…
Por experiência própria (tenho uma pequena empreiteira) vejo com frequência em processos de contratação de construções e reformas tanto no âmbito privado como no público a apresentação de planilhas com custos pré levantados e padronizados que na verdade não espelham em alguns casos a realidade das condições de execução de cada projeto onde não são levantados e nem considerados fatores relevantes que encarecem os projetos.