Era um belo edifício! A fachada tinha um vidro especial – desses que oferece visibilidade apenas em um de seus lados – foi colocado em toda a extensão da área de serviço, fazendo divisa com a porta do banheiro.
Um dia, Neto, o síndico, em visita a um amigo que morava no prédio ao lado, admirando seu lindo edifício daquele ângulo, pode reconhecer uma conselheira estava tomando banho; sua silhueta era bastante visível e inconfundível…
– O que estou vendo é isso mesmo?
– Não esquenta, não! Você não viu nada! As meninas do 7º e do 11º são as melhores! À noite, então, é o máximo! Com as luzes acesas, tudo fica ainda melhor!
E, para terminar arrematou:
– Meu amigo, seu prédio é um verdadeiro show de stripper!
Sem saber o que pensar, o síndico voltou ao seu condomínio e, imediatamente, ligou para a construtora, solicitando urgentes providências.
Por outro lado, não teve coragem de confidenciar a mais ninguém – menos, ainda, aos moradores – o que acabara de presenciar…
Em visita ao local, o engenheiro da construtora, com alguns de seus funcionários, não encontrou nada de irregular.
Foi quando o experiente Zé, chefe dos pedreiros, que estava ao lado deles e acompanhava atentamente toda a conversa, resolveu opinar:
– Acho que o vidro está invertido. É só colocar ele para o lado de dentro que tudo se ajeita!
Assim foi feito.
E sabe que ninguém percebeu, ou ficou sabendo desse fato, até hoje?
Problemas com construtoras são bastante comuns, infelizmente.
Essa questão está diretamente relacionada aos cuidados que os condôminos teriam que ter, ao “receberem” o edifício pós-assembleia de instalação, momento solene e formal em que o condomínio passa da fase de construção para a fase de utilização.
Neto, o nosso síndico, se tivesse sido provocado pelos condôminos, ou de sua própria iniciativa, poderia ter convocado uma AGE imediatamente, uma semana depois, por exemplo, e submetido à aprovação do plenário a contratação de um laudo técnico de vistoria, quando, certamente, o problema poderia ter sido diagnosticado.