Como é mesmo o nome do condomínio? Causo #23

Como gerente predial de um sofisticado e luxuoso condomínio na zona sul da capital, em fase final de obras, fiquei à frente de sua implantação.

A área comum era enorme, com inúmeros itens de lazer; logo, havia muito, muito que comprar…

Ficava o tempo todo pendurado no telefone, principalmente pela necessidade de um grande volume de contatos – tendo em vista a solicitação de cotações, preços, prazos de pagamento e de entrega – de tudo, enfim!

Todos, sem exceção, antes de ouvir o que se pretendia comprar, pediam os dados para cadastro.

Informar o endereço com CEP e tudo, CNPJ, telefone, nome do responsável pela compra, documento de identidade, etc., não era problema. O problema era dizer o nome do condomínio: “Oiseau Noir”, cuja pronúncia era oazô noar, pássaro preto, em francês.

Apesar de todo o cuidado em soletrar o nome do condomínio – para não vir escrito errado na proposta e principalmente na nota fiscal – num sem número desses documentos vinha escrito das formas mais variadas: Oazo Noar, Oazoo Noá, Oazô No Ar, e muitas outras.

Havia, até, junto ao telefone, cópia daquele alfabeto internacional: Alpha-A, Bravo-B, Charlie-C, Delta-D, Echo-E, Foxtrot-F, (…) até Yankee-Y, Zulu-Z.

E, para facilitar o entendimento, era soletrado:

– O de Oscar, I de India, S de Sierra, …

Até que, num belo dia, teve um… Ah, aquele!…

Nome do condomínio? – perguntou o vendedor.

– Oazô Noar. É nome francês e se escreve ‘Oiseau Noir’ (em se falando como estava escrito). São dois nomes, vou soletrar na linguagem de radioamador. Você conhece essa linguagem?

– Ok, conheço sim! Pode mandar!

– Oscar-India-Sierra-Eco-Alfa-Uniforme. Pegou?

– Sim!

– Tem o segundo: November-Oscar-India-Romeu. Ok?

– Tudo anotado!

A compra foi grande e a entrega chegou em dois dias.

Ao conferir a nota, qual não foi a surpresa: no campo ‘nome do condomínio’, estava escrito: “Condomínio Edifício OscarIndiaSierraEcoAlfa…”!!!

skyline sp (6)

Sim, esse tipo de coisa acontece com mais frequência do que se imagina. Afinal, nomes estrangeiros para se batizar empreendimentos imobiliários são os preferidos das construtoras e incorporadoras.

Tirante o desgaste a cada ligação, tendo que soletrar o nome, várias vezes ao dia, algumas vezes tinha que providenciar o cancelamento da nota fiscal e emissão de outra, com os dados corretos.

Não no condomínio, lá na loja do fornecedor!

Dos males, o menor, diante de tantos afazeres e responsabilidades na gestão do condomínio…

Sobre Orandyr Luz

Consultor, articulista e palestrante, especialista em gestão condominial. Autor dos livros "Evolução Histórica do Condomínio Edilício", São Paulo/SP: Editora Scortecci, 2013, "O condomínio daquela rua - Histórias e causos nesse ambiente peculiar", São Paulo/SP: Editora Biblioteca 24horas, 2015 e "O condomínio & você - Práticas de gestão condominial", Curitiba/PR: Ed. Juruá, 2018. Ciclista, leitor, cidadão.
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