Pouco se sabia a respeito daquele senhor que não falava e nem escutava… Ele morava no andar térreo de um edifício, desses antigos, na capital paulista.
O prédio, apesar de antigo, era pomposo e sua localização privilegiada. Os elevadores ficavam em um nível mais alto, ao fundo, cujo acesso – a partir da rua – se dava através de uma passagem bem espaçosa, pé direito duplo, com aquela indefectível passarela que se estendia até a escada, com apenas três grandes degraus.
Ele vivia sozinho; isto, em relação a pessoas.
Seu único companheiro era um cachorrinho muito esperto, de raça bastante assemelhada à do fox paulistinha.
Inseparáveis, os dois iam e vinham – diariamente – do apartamento para a rua, da rua para o apartamento. Amigos, cúmplices… Poder-se-ia dizer – sem medo de errar na avaliação – que um dependia do outro!
Coisas incríveis esse cão fazia por seu dono. Para citar somente uma delas, valia a pena apreciar a cena em que o cachorrinho achava e trazia os óculos do senhor – quando ele os perdia – para que ele pudesse examinar as notícias frescas do jornal do dia, ali mesmo na recepção!…
Anos e anos se passaram até que o fiel escudeiro não resistiu a uma doença grave, que surgira com o tempo…
O ilustre – e anônimo condômino do apartamento 1 – morreu pouco tempo depois…
Não há muito que falar…
Todo condomínio tem, ou ainda terá, um morador “diferente”, seja esse senhor do ap. 1, seja aquela senhora de 80 anos que também mora sozinha, seja alguém com alguma deficiência, seja auditiva, visual, de mobilidade, seja um adolescente hiperativo que não para de ‘aprontar’.
Nesses casos, a administração precisa ficar mais atenta às eventuais necessidades que possam demandar ainda no condomínio.
O síndico, que deve conhecer – pelo menos o perfil de seus condôminos –, tem que se preparar e treinar seus subordinados a agir em determinadas situações mais delicadas do dia a dia.