Ele, pediatra, morava naquele condomínio há quase cinco anos. Por se tratar de pessoa séria, objetiva e simpática, passou a ser admirado por todos no edifício. E, apesar do fato de sua profissão, a rigor, não ter muito a ver com o cargo, foi eleito por unanimidade na assembleia da última quarta-feira.
Inegavelmente, um síndico de primeira viagem!
Programou tudo com antecedência, fez cursos, mais de um, presenciais e a distância, leu artigos, conversou com outros síndicos, amigos seus.
Estava realmente disposto a colaborar – super-bem-intencionado – querendo fazer tudo muito certo.
Um tema que o assustou sobremaneira foi a manutenção de um modo geral: prédios caindo, óbitos constatados, síndico sendo preso, a tal da NBR 16.280/2014 que acabara de entrar em vigor.
Cancelou alguns clientes de sua agenda no consultório – queria causar uma boa impressão de chegada – pesquisou, pesquisou, e resolveu chamar direto o Corpo de Bombeiros para um checklist por lá.
E, a respeito disto, não comentou nada com ninguém…
Fez questão de acompanhar a visita, pessoalmente, que acabou por acontecer logo na sexta-feira.
No decorrer da semana seguinte recebeu – em seu nome – um envelope fechado, com o “Comunique-se”, documento oficial daquele órgão, que apontava diversas inconformidades, com prazo para regularizar tudo, além da perspectiva concreta de multa.
E agora?
Pelo visto, somente restou a ele a alternativa de dividir a surpresa com o subsíndico e os conselheiros…
Quem será que dedurou o condomínio? Isto só pode ser coisa de gente que não tem mais o que fazer! – disparou um deles!!!
Aquele espírito de colaboração por parte de quem mora em condomínios é (deve ser) sempre bem vindo.
O doutor de crianças é um desses raros casos que, saindo da zona de conforto, sacrifica, de certa forma, afazeres profissionais para se dedicar a prestar um bom serviço à coletividade.
Quando se trata de manutenções, penso que não há como contemporizar… Na minha opinião, a despeito da discordância dos demais comunheiros, ele agiu certo ao chamar o Corpo de Bombeiros para avaliar a real situação do prédio.
Quando isso ocorre é praxe o órgão emitir o ‘Comunique-se’ apontando as irregularidades e ou inconformidades, concedendo prazo razoável para que sejam sanadas, para, aí então, voltar a chamá-los para o ateste final.
Parabéns ao doutor!