Márcio era zelador experiente. Já tinha trabalhado em outros condomínios de maior complexidade, com mais torres, e até em um condomínio-clube de mais de trezentas unidades, seu último emprego.
Agora, em um edifício com apenas uma torre, prédio recém-construído, algumas unidades ainda desocupadas: “Tranquilidade absoluta à vista!” – pensou ele.
Estava todo feliz! Tudo seria muito fácil por ali. Ele, inclusive, se apresentou aos outros colegas zeladores, seus vizinhos, na mesma rua.
O prédio ao lado era mais velhinho: tinha mais de trinta anos de construção, mesmo tempo que ‘seu’ João – como era carinhosamente chamado o zelador desse condomínio – estava por lá.
João conhecia tudo do condomínio que administrava. Habilidoso, entendia um pouco de elétrica, hidráulica e pequenas obras civis, e vivia ‘quebrando o galho’ aqui e acolá. Procurava sempre ajudar a todos, sem afrontar um milímetro as regras estabelecidas.
Certa ocasião, Márcio percebeu que havia duas festas marcadas para o próximo sábado, mesmo horário, no único salão de festas do edifício. O descuido de tê-las anotado em controles diferentes propiciou tal situação.
Já era quarta-feira daquela semana, e ele não conseguia pensar em uma solução…
Então, foi procurar João, explicou a ele o que ocorrera e, inesperadamente, pediu emprestado o salão de festas do vizinho.
João, daquela vez, decididamente, não pode ajudar o colega…
Realmente, não tem cabimento admitir essa possibilidade, a de “emprestar” o salão de festas do condomínio para uma festa de pessoas estranhas, mesmo que sejam do prédio vizinho.
Nesse episódio, vale ressaltar o cuidado que o zelador tem que observar nos seus controles, que não são poucos, e todos têm sua importância.
Senão vejamos: frequência e férias de funcionários, consumo de água e de energia do condomínio, compra de material de limpeza, manutenções periódicas de equipamentos, como gerador, para-raios, recarga de extintores, para citar alguns, e, claro, reservas das área de lazer do condomínio, como churrasqueiras e salão de festas.
Ao que se soube, Márcio, assumindo a confusão, conversou com um dos condôminos que havia marcado a festa e conseguiu, com algum desgaste, remarca-la…