Cientistas explicam mitos sobre o plantio de árvores em grande escala

Os cientistas propuseram dez regras de ouro para o plantio de árvores, que eles dizem ser uma prioridade para todas as nações nesta década.

O plantio de árvores é uma solução brilhante para enfrentar a mudança climática e proteger a biodiversidade, mas a árvore errada no lugar errado pode fazer mais mal do que bem, dizem os especialistas do Royal Botanic Gardens, Kew.

As regras incluem primeiro proteger as florestas existentes e envolver os habitantes locais.

As florestas são essenciais para a vida na Terra.

Elas fornecem um lar para três quartos das plantas e animais do mundo, absorvem dióxido de carbono e fornecem alimentos, combustíveis e medicamentos.

Mas elas estão desaparecendo rapidamente; uma área do tamanho da Dinamarca de floresta tropical intocada é perdida a cada ano.

“Plantar as árvores certas no lugar certo deve ser uma prioridade para todas as nações, pois enfrentamos uma década crucial para garantir o futuro do nosso planeta”, disse o Dr. Paul Smith, pesquisador do estudo e secretário-geral da caridade conservacionista do Botanic Gardens Conservation International, em Kew.

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As 10 regras de ouro são:

Proteja primeiro as florestas existentes

Manter as florestas em seu estado original é sempre preferível; florestas antigas não danificadas absorvem melhor o carbono e são mais resistentes a incêndios, tempestades e secas. “Sempre que há uma escolha, enfatizamos que conter o desmatamento e proteger as florestas remanescentes deve ser uma prioridade”, disse o professor Alexandre Antonelli, diretor de ciência da RGB Kew.

Coloque a população local no centro dos projetos de plantio de árvores

Estudos mostram que envolver as comunidades locais é a chave para o sucesso dos projetos de plantio de árvores. Frequentemente, são as pessoas locais que têm mais a ganhar cuidando da floresta no futuro.

Maximize a recuperação da biodiversidade para atender a vários objetivos

reflorestamento deve envolver vários objetivos, incluindo proteção contra as mudanças climáticas, melhoria da conservação e fornecimento de benefícios econômicos e culturais.

Selecione a área certa para o reflorestamento

Plante árvores em áreas que eram historicamente florestadas, mas degradadas, em vez de usar outros habitats naturais, como campos ou pântanos.

Use a regeneração natural da floresta sempre que possível

Deixar as árvores crescerem naturalmente pode ser mais barato e mais eficiente do que plantar árvores.

Selecione as espécies de árvores certas que podem maximizar a biodiversidade

Onde o plantio de árvores é necessário, escolher as espécies certas é crucial. Os cientistas aconselham uma mistura de espécies arbóreas naturalmente encontradas na área local, incluindo algumas espécies raras e árvores de importância econômica, mas evitando árvores que possam se tornar invasoras.

Certifique-se de que as árvores são resistentes para se adaptar a um clima em mudança

Use sementes de árvores que sejam adequadas para o clima local e tenha em mente que isso pode mudar no futuro.

Planejar com antecedência

Planeje como obter sementes ou árvores, trabalhando com a população local.

Aprender fazendo

Combine o conhecimento científico com o conhecimento local. O ideal é que testes em pequena escala sejam realizados antes do plantio de um grande número de árvores.

Faça valer a pena

A sustentabilidade do replantio de árvores depende de uma fonte de renda para todas as partes interessadas, incluindo os mais pobres.

Matéria completa em: https://noticias.ambientebrasil.com.br/redacao/traducoes/2021/01/28/166912-cientistas-explicam-mitos-sobre-o-plantio-de-arvores-em-grande-escala.html. Acesso em 2901/2021.

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76 Ações imediatas para combater as mudanças climáticas

Um estudo divulgado pelo Projeto Drawdown mostra que neste exato momento temos acesso imediato a pelo menos 76 soluções para frear as mudanças climáticas. As soluções apresentadas são relativamente simples e o custo de colocá-las em prática é menor do que o custo de não adotar nenhuma medida.

Um estudo divulgado pelo Projeto Drawdown mostra que neste exato momento temos acesso imediato a pelo menos 76 soluções para frear as mudanças climáticas. As soluções apresentadas são relativamente simples e o custo de colocá-las em prática é menor do que o custo de não adotar nenhuma medida.

O objetivo do Projeto Drawdown é apontar caminhos para que possamos chegar a um future onde as emissões de gases do efeito estufa parem de subir e comecem a cair – este momento é o ‘drawdown’ ou ‘meta para baixo’ em português. “Atingir este ponto de virada é fundamental para a vida no planeta, e precisamos chegar neste momento rapidamente, com segurança e de forma homogênea”, diz o relatório.

mudanças climáticas

Foto via Banco Mundial | Flickr

Agora é a hora

Depois de quase uma década de apatia e de receber sinais claros do que pode acontecer nada seja feito – como os incêndios florestais sem precedentes na Austrália – a urgência de adotar medidas imediatas para conter as mudanças climáticas está cada vez mais clara.

“Estamos indo por um caminho extremamente perigoso”, alerta o estudo “É fácil ficar paralisado pelo perigo, mas ainda é possível sair desta inércia e mudar nosso destino”.

Ações e resultados

O Projeto Drawdown estima que com as 76 soluções apontadas pelo relatório a economia gerada poderia chegar a US$ 144 trilhões graças aos danos climáticos evitados e aos custos com tratamentos de saúde recorrentes deste cenário.

Os cientistas dividiram as soluções em 4 setores: energia; desperdício de alimento, agricultura e recuperação de solos; indústria; construções eficientes; e transporte.

De acordo com Jonathan Foley , cientista e co-autor do relatório, se todas como as soluções apresentadas já existem, elas poderiam ser implementadas simultaneamente e faria com que o ponto de virada fosse atingido entre 2040 e 2060, dependendo da eficiência das ações.

Para isso existem três pontos chave: reduzir as fontes de emissão de gases de efeito estufa, proteger e aumentar os ecossistemas que filtram estes gases e fazer isso sem prejudicar o desenvolvimento social.

Nossa energia

Para atingir estas metas seria necessário mudar a maneira como produzimos eletricidade – 30% das soluções apresentadas estão relacionadas com eficiência energética e outros 30% com meios de substituir os combustíveis fósseis na produção desta energia.

Existe um grande debate sobre o papel da energia nuclear nesta mudança, com cientistas que defendem que esta tecnologia seja usada e com outros que acreditam que a mudança nas fontes de energia elétrica pode acontecer apenas com energia limpa e renovável, sem a energia nuclear.

O relatório do Projeto Drawdown aponta para a troca para lâmpadas de LED e uso de baterias como soluções imediatas para aumentar a eficiência energética.

Preservar ecossistemas

O relatório ainda aponta para a importância de preservar e aumentar os sistemas naturais que filtram o carbono: preservar os ecossistemas e a biodiversidade e mudar os meios de produção agrícolas. Infelizmente, líderes políticos de vários países, do Brasil até a Austrália, estão permitindo que ecossistemas que absorvem carbono continuem sendo destruídos.

Reconhecendo o fato de que o compromisso político em diminuir as mudanças climáticas está longe do ideal, a solução apresentada inclui também a pressão popular para mudar este cenário com um breve relato de como é possível fortalecer o engajamento das pessoas na questão ambiental.

Comida e equidade

Segundo os pesquisadores, uma das grandes possibilidades para se conter as mudanças climáticas é normalmente esquecida. Esta solução inclui a redução do desperdício de comida no mundo e o empoderamento feminino por meio do acesso à educação, serviços de saúde e igualdade de oportunidades.

“Os resultados destes estudos mostram que é muito importante que estas soluções sejam implementadas simultaneamente”, explica Chad Frischmann, vice-presidente do Projeto Drawdown. “O impacto destas tecnologias e práticas são parte de um Sistema interligado de ações. E a implementação integral deste Sistema garante uma solução real para a crise climática”.

Combustível para a mudança?

O relatório não defende uma mudança radical na sociedade de consume ou na diminuição do crescimento econômico, mas mostra que o dinheiro pode ser um combustível para a mudança. Os cientistas apontam para o fortalecimento da economia circular e colocam o fator econômico como parte da solução.

Com alguns pontos polêmicos, como a questão do uso de energia nuclear e a manutenção do sistema econômico, o estudo é uma fonte de informações muito interessante para pessoas, comunidades e empresas que estejam prontas para assumir um compromisso com as mudanças  necessárias, apesar dos grandes desafios.

Combater as mudanças climáticas é um grande, mas importante desafio. Saber que temos a possibilidade real de fazer a nossa parte é um convite a um trabalho verdadeiramente relevante para o mundo e para nós mesmos.

Liderando o caminho

“Empresários podem liderar esta mudança. Não precisam ficar esperando que políticos e governos assumam este papel. As empresas podem ajudar muito ao desenvolver normas e regulamentações e estar um passo a frente no desenvolvimento”, reforça Foley. “Empresários inteligentes não vão ser obrigados a fazer parte de um futuro sustentável, eles vão criar este futuro”.

Se um número significativo de pessoas assumirem o desafio de combater as mudanças climáticas, com soluções que estão ao nosso alcance, existe uma chance de que possamos mudar positivamente nosso futuro.

Matéria completa em: https://www.archdaily.com.br/br/936434/76-acoes-imediatas-e-para-combater-as-mudancas-climaticas?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=2,652,002. Acesso 3/04/2020.

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A pandemia e o dia a dia condominial

Vamos repisar o que tem sido falado, escrito e transmitido nos veículos de comunicação pela importância de que se reveste o assunto nesses tempos de isolamento social, focando no intramuros condominial.

Primeiro, as assembleias. Centrando a análise nas presenciais, vez que as virtuais não sofrem a restrição imposta pelo surto epidêmico, mesmo aquelas já convocadas, há que adiá-las, independentemente da ordem do dia.

O mandato do síndico está a expirar nos próximos dias? Um simples requerimento ao banco pode possibilitar a prorrogação do mandato por mais dois ou três meses, ou enquanto durar as determinações para se evitar aglomerações por conta do risco de proliferação do Covid-19.

Se houver questões com prazos vencidos, por exemplo, aprovação de contas ou apreciação de previsão orçamentária, é possível postergar a aprovação das contas e prorrogar os rateios que vêm sendo praticados. Caso seja necessário, por meio de circular, explique os motivos que fundamentem uma eventual majoração na cota mensal, ratificando tudo em assembleia posterior. Ou, se achar mais conveniente, emita um rateio extra para cobrir o déficit, fazendo uma composição de gastos e custos posteriormente, compilando nova previsão orçamentária.

Áreas comuns em seguida. Ora, pelo mesmo raciocínio de “se evitar aglomerações por conta do risco de proliferação do Covid-19”, áreas de lazer deverão ser interditadas. Assim, salões de festas, churrasqueiras, piscinas, quadras de esportes, academias de ginástica, salões de jogos, brinquedotecas, playgrounds, e outros serão fechados e sua utilização proibida pela administração. Sem delongas.

E as obras? Fica evidente que obras, reformas ou consertos não urgentes – ainda que estejam em andamento, ainda que nas unidades privativas – ou ações corriqueiras de manutenção, deverão ser suspensas. Apenas as intervenções emergenciais, como em elevadores, portões, vazamentos de água e gás, e outras serão realizadas, com todo o cuidado que o momento requer.

Mudanças também não são oportunas, por enquanto. Se não for possível adiar, pelo menos agende com certa antecedência, a possibilitar a preparação dos locais por onde haverá o trânsito de objetos e pessoas, não se esquecendo de avisar a comunidade condominial, priorizando a segurança de todos.

covid-19 cidades vazias_Erieta AttaliCrédito: Erieta Attali

Talvez nem precisasse elencar as locações de curto/curtíssimo prazo, aquelas feitas via aplicativos, pois o trânsito de mais pessoas, estranhas ao ambiente condominial, vai de encontro ao que se preconiza nesses tempos de coronavírus.

E as entregas, que certamente aumentarão bastante? O síndico deve (deveria) disciplinar que as encomendas, sejam quais forem, serão retiradas na portaria pelo interessado, não se permitindo a entrada dos entregadores, por motivos óbvios.

Os moradores idosos, dentro do possível, terão tratamento diferenciado no sentido de que fazem parte do grupo de risco. É importante, portanto, mapear as unidades e se solidarizar com eles, evitando que tenham que sair por comida ou remédio, neste caso, podendo significar não uma ida à farmácia do bairro, mas sim, encontrar alguém que se disponha a buscar remédios controlados e de alto custo nos locais específicos.

Os colaboradores domésticos, como diaristas, babás, cozinheiras deveriam ser dispensados.

Quanto aos bichinhos de estimação, seus donos devem evitar locais de grande aglomeração.

Por força da maioria das convenções, na parte que trata dos deveres do condômino,[1] o síndico será avisado se houver alguém infectado no condomínio; não informe seu nome ou unidade aos demais, a menos que seja autorizado, mas faça-os saber que há um caso confirmado para que sejam ainda mais cautelosos e cuidadosos.

Finalmente, a segurança propriamente dita, uma vez que já se registrou casos de meliantes que se passaram por ‘agentes sanitários’ para adentrar ao condomínio e perpetrar momentos de tensão e prejuízo. Treine os funcionários da portaria para checar as credenciais do(s) visitante(s), bem como confirmar com o morador, quando for o caso, se a(s) visita(s) está(ão) sendo esperada(s).

Nunca é demais relembrar – para mais informações, orientações e dados atualizados sobre a pandemia acesse o site do Ministério da Saúde: https://saude.gov.br.

[1] “Comunicar imediatamente ao síndico a ocorrência de moléstia grave ou contagiosa em sua unidade habitacional”, um texto possível.

 

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O planeta, o maior beneficiário da pandemia de coronavírus

Conforme diversas fábricas fecharam e carros pararam de circular na China devido à quarentena imposta pelo surto de coronavírus, quem se beneficiou da drástica diminuição de emissões de gases nocivos foi o planeta Terra.

“É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática em uma área tão ampla para um evento específico”, disse Fei Liu, pesquisadora de qualidade do ar do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA. “Não estou surpresa porque muitas cidades em todo o país adotaram medidas para minimizar a propagação do vírus”.

Diminuição de dióxido de nitrogênio e dióxido de carbono

Além disso, imagens de satélite da NASA e da ESA (Agência Espacial Europeia) mostraram uma redução dramática nas emissões de dióxido de nitrogênio nas principais cidades do país nos últimos dois meses, um gás emitido por veículos, usinas e instalações industriais.

Um padrão semelhante foi observado em relação ao dióxido de carbono, liberado a partir da queima de combustíveis fósseis, como o carvão.

De acordo com o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), de 3 de fevereiro à 1 de março, as emissões de CO2 diminuíram pelo menos 25% como consequência de medidas adotadas para conter o coronavírus.

Como a maior poluidora do mundo, a China contribui para 30% das emissões globais anuais de dióxido de carbono, de forma que o impacto dessa queda é enorme. O CREA estima que seja equivalente à 200 milhões de toneladas de CO2, mais da metade do total de emissões do Reino Unido.

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Carvão

Segundo o CREA, a queda na produção de petróleo e aço e uma redução de 70% nos voos domésticos contribuíram para a diminuição das emissões, mas o principal fator nessa mudança é o uso de carvão da China.

A China é a maior produtora e consumidora de carvão do mundo, tendo utilizado esse recurso em 59% da geração de energia no país em 2018. Além de ser usado em usinas e outras indústrias, o carvão também é a única fonte de calor para milhões de residências nas vastas áreas rurais chinesas.

Estimativas indicaram que as principais usinas a carvão do país tiveram uma queda de 36% no consumo de 3 de fevereiro a 1 de março em comparação com o mesmo período do ano passado.

Hong Kong

Na vizinha Hong Kong, a qualidade do ar também melhorou desde que a cidade adotou algumas medidas para conter a disseminação do coronavírus. Essas medidas não foram nem de longe tão drásticas quanto as da China continental, mas houve um impacto significativo mesmo assim.

Segundo dados da Universidade de Hong Kong, de janeiro a fevereiro, os principais poluentes do ar caíram quase um terço. Nas áreas mais movimentadas de Hong Kong (Central, Causeway Bay e Mongkok), o poluente PM2,5 de partículas finas diminuiu 32%, o poluente PM10 de partículas maiores caiu até 29% e o dióxido de nitrogênio caiu até 22%.

Esse declínio está diretamente relacionado com a introdução de medidas do governo como incentivo ao trabalho remoto, fechamento de instalações públicas e fechamento parcial da fronteira com a China.

“Muitas pessoas trabalham em casa e isso reduziu o tráfego e o congestionamento”, disse Patrick Fung, presidente da Clean Air Network.

E depois que a pandemia passar?

Enquanto as medidas de quarentena têm sido excelentes para conter o espalhamento do vírus e para a saúde do planeta, o que acontecerá com os níveis de poluição da China uma vez que o surto passar e o país quiser aquecer sua economia novamente?

Os cientistas temem que os níveis de produtos químicos tóxicos fiquem ainda mais altos do que antes da epidemia. A preocupação é de que China foque exclusivamente em “reiniciar” sua economia, a custo do meio ambiente.

Existem precedentes para tanto, infelizmente. Em 2009, o governo chinês lançou um pacote enorme de US$ 586 bilhões em resposta à crise financeira global, sendo que a maioria dos recursos era destinada a projetos de infraestrutura de larga escala.

Segundo Li Shuo, consultor de política climática do Greenpeace no Leste da Ásia, esse “efeito de recuperação” às vezes pode reverter qualquer queda geral nas emissões.

“Pode haver uma série de estímulos econômicos que injetariam créditos baratos para indústrias pesadas na China e, como resultado, poderemos ver poluentes e emissões de carbono crescentes no segundo semestre deste ano”, afirmou.

Mas também existem esperanças. No caso do pacote de 2009, a explosão de poluição resultante nos anos seguintes – particularmente o inverno de céu completamente cinza de 2012 e 2013 – provocou protestos públicos que deram início ao primeiro plano de ação ambiental do governo chinês.

Mais tarde, em 2017, o presidente Xi Jinping fez novas promessas de combater a poluição da China. As políticas que de fato foram aplicadas tiveram consequências positivas, com a poluição geral diminuindo 10% entre 2017 e 2018.

Os ativistas climáticos veem a crise do coronavírus como uma oportunidade para continuar as reformas ambientais propostas.

Enquanto o presidente Xi deixou claro que os trabalhadores e as fábricas precisam aumentar a atividade o mais rápido possível para evitar uma desaceleração econômica, os cientistas esperam que a China tenha aprendido as lições do passado.

Lauri Myllyvirta, analista líder do CREA, alerta sobre uma reação pública se o céu ficar cinza novamente. “A redução da poluição do ar foi muito clara; portanto, se a poluição voltar por causa de medidas de estímulo, por causa da indústria pesada entrar em excesso para compensar o tempo perdido, poderá haver uma reação contrária”, disse. [CNN]

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2020/03/18/157718-esse-e-o-maior-beneficiario-da-pandemia-de-coronavirus.html. Acesso 20/03/2020.

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Sexta-feira, 13 e a pandemia de coronavírus

A maldição da sexta-feira, 13, desta feita, fica a cargo da nova praga mundial, o Covid-19, como foi denominado o novo coronavírus.

Vamos iniciar este artigo definindo o que é epidemia[1]: “doença, em geral infecciosa e transitória, que ataca rapidamente, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, grande número de indivíduos”.

Já pandemia, que a OMS, a Organização Mundial da Saúde, caracterizou o coronavírus anteontem, dia 11/03, pela rápida expansão da doença pelo mundo – afinal foram registrados mais de 118 mil casos em mais de uma centena de países e quase 4.300 mortes – é “uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras” [2].

A imprensa nacional e internacional tem feito sua parte, divulgando insistentemente o avanço dos números de infectados e óbitos, entrevistando respeitáveis infectologistas, a orientar a gravidade da situação, embora esclarecendo que absolutamente é caso de pânico, mas repisam a importância da higiene, os cuidados com corriqueiros cumprimentos diários de bom dia, boa tarde, boa noite, e a importância de se evitar, na medida do possível, aglomerações de qualquer ordem.

Segundo informações do Ministério da Saúde, a China tem quase 81 mil casos confirmados e mais de 3.100 mortes, Itália, 10 mil infectados e mais de 1.000 mortes, Irã, mais de 10 mil casos e 429 mortes, e aqui no Brasil, até a tarde da quinta-feira (12/03), 77 casos confirmados, e a tendência é de alta.

O condomínio, como um natural microcosmo, deve se inserir nesse contexto, imprimindo nessa empreitada toda sua força, representatividade e disciplina.

Nesse sentido, campanhas de conscientização devem ser iniciadas pela administração com avisos, circulares, palestras, cartazes, sessões audiovisuais, enfim, qualquer meio de que se possa utilizar para alcançar tal intento, além, claro, de espalhar pela área comum dispensers de álcool gel 70%.

coronavírus

Demais providências serão tomadas pelo síndico no caso concreto, se, eventualmente, no seio da massa condominial, forem confirmadas pessoas infectadas, quando aquelas iniciativas anteriormente citadas deverão ser potencializadas, atentando, obviamente, à privacidade dos envolvidos.

É muito importante que se repense a forma calorosa de nos cumprimentar no dia a dia: “combine” com os amigos, colegas de trabalho, de clube, de futebol, que, por ora pelo menos, basta um aceno de mão, à distância, em vez de apertos de mão, abraços ou qualquer outra forma de contato.

Não subestime a tão proclamada baixa letalidade do Covid-19, leve todas essas orientações muito a sério.

As chamadas ‘medidas não farmacológicas’, como lavar as mãos, usar álcool gel, higienizar bem o banheiro, evitar aglomerações, dentre outras, dependem somente de cada um de nós.

Assim, higiene e distanciamento social, com cumprimentos alternativos naquelas situações tidas como inevitáveis – trabalho, compras, consultas médicas, para citar algumas – são determinantes para que se possa evitar a propagar a contaminação.

Os idosos, pela maior disposição a que esse grupo etário está sujeito a contrair o vírus, especialmente se houver doença grave preexistente não controlada devidamente, deverão ter especial cuidado, e, infelizmente, procurar diminuir contato com crianças (sim, seus netos, por exemplo!).

Todas essas informações foram pinçadas de várias mídias com um só intuito: reforçar a gravidade da situação e divulgar os cuidados e providências que podemos tomar para que preservemos nossa saúde, de nossos entes queridos, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, do profissional que corta nosso cabelo, do caixa do supermercado, …

[1] http://www.aulete.com.br/epidemia

[2] https://www.infoescola.com/doencas/endemia-epidemia-e-pandemia/

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PNUMA cita sete conexões entre você e os recifes de coral

O Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado nesta terça-feira (3), é uma chance para apreciarmos tudo o que a natureza oferece. O tema deste ano, “Sustentando toda a vida na Terra”, celebra a natureza que permite que animais selvagens, plantas e seres humanos prosperem em harmonia.

Entre os elementos mais valiosos da natureza estão os recifes de coral. Eles abrigam a maior variedade de espécies dos oceanos. Você pode pensar neles como florestas tropicais subaquáticas — cheias de componentes vivos e não vivos que, juntos, criam um dos ecossistemas mais exclusivos e importantes do mundo. Leia relato do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado nesta terça-feira (3), é uma chance para apreciarmos tudo o que a natureza oferece. O tema deste ano, “Sustentando toda a vida na Terra”, celebra a natureza que permite que animais selvagens, plantas e seres humanos prosperem em harmonia.

Entre os elementos mais valiosos da natureza estão os recifes de coral. Eles abrigam a maior variedade de espécies dos oceanos. Você pode pensar neles como florestas tropicais subaquáticas — cheias de componentes vivos e não vivos que, juntos, criam um dos ecossistemas mais exclusivos e importantes do mundo.

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Foto: Wikimedia Commons

Mas você sabia que os recifes de coral são tão importantes para nossas vidas em terra quanto para as espécies subaquáticas?

Veja sete maneiras pelas quais você está conectado aos recifes de coral:

Alimento

Cerca de meio bilhão de pessoas em todo o mundo dependem dos peixes que vivem nos recifes de coral como uma fonte substancial de alimento. Mesmo se você mora longe de uma região costeira, há uma boa chance de o peixe que você comer ter vindo de um recife de coral! Mais de 4.000 espécies de peixes são sustentadas por recifes de coral, e cada quilômetro quadrado de recifes saudáveis pode produzir até 15 toneladas de peixe por ano.

Meios de subsistência

Os recifes de coral são um atrativo turístico significativo nas regiões em que existem. Milhões de snorkelers e mergulhadores se reúnem anualmente para ver a beleza dos recifes de corais, e ainda mais viajantes desfrutam das praias protegidas por eles. Isso fornece uma variedade de meios de subsistência baseados no turismo em barcos de mergulho e em centros de serviços como hotéis e restaurantes.

Proteção

Os recifes de coral agem como amortecedores naturais contra tempestades e ondas que podem provocar erosão nas regiões costeiras e danificar propriedades ou ameaçar vidas. Isso é possível devido às suas formas complexas e às “paredes” subaquáticas que eles constroem, que ajudam a reduzir a intensidade das ondas que chegam. A proteção oferecida pelos recifes de coral é cada vez mais importante, pois as mudanças climáticas ameaçam aumentar a intensidade e a frequência das tempestades.

Remédio

Novos medicamentos e suplementos nutricionais estão sendo desenvolvidos a partir de compostos químicos encontrados em muitas espécies que vivem em recifes de coral. Embora os cientistas façam isso nas florestas há décadas, apenas recentemente começamos a explorar as possibilidades oferecidas pelos recifes. Isso significa que é possível que apenas tenhamos arranhado a superfície em termos de quais medicamentos poderosos podem se originar nos recifes de coral!

Cultura

Para as pessoas que vivem nas regiões costeiras onde os recifes de coral crescem, e para quem já mergulhou sob a superfície e viu sua maravilhosa exibição de cores e vida, os recifes de coral têm um valor não vinculado ao dinheiro. Além de nos fornecer os recursos e serviços acima, são representações deslumbrantes da complexidade e beleza da vida em nosso planeta. Se você já viu um recife de coral, talvez sinta que a presença deles torna o mundo um lugar mais espetacular.

Filtragem de água

Os recifes de coral ajudam a manter nossas águas costeiras livres da poluição. Muitos corais e esponjas são filtradores, o que significa que consomem material particulado (poluentes que não se dissolvem) presente na água. Isso evita que essas partículas se depositem no fundo do oceano e sujem-no com materiais nocivos. Na próxima vez que você der um mergulho no oceano, não se esqueça de agradecer aos recifes de coral por ajudar a mantê-lo limpo!

Praias

A areia das praias costuma ser vista como o produto de conchas quebradas, mas os recifes de coral também ajudam na construção de nossas praias. Na verdade, grande parte da areia em muitas praias é fruto de esqueletos de corais quebrados. Além disso, alguns seres que vivem nos recifes produzem areia como resultado do consumo de coral. Por exemplo, estima-se que um peixe-papagaio de corpo grande produza até uma tonelada de areia por ano!

Os recifes de coral são diferentes de qualquer outro ecossistema da terra. Esses belos recifes não apenas sustentam uma abundância de vida vegetal e animal, mas também fornecem recursos inestimáveis ​​e melhoram nossa qualidade de vida.

Para saber mais sobre o que mantém um recife de coral saudável, acesse o Reef Riders Journey, um desafio interativo que permite explorar como as ações diárias das espécies mantêm o delicado equilíbrio de seu ecossistema.

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2020/03/04/157422-pnuma-cita-sete-conexoes-entre-voce-e-os-recifes-de-coral.html. Acesso 5/03/2020.

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Compliance e o ano bissexto

Compliance (pronuncia-se kompl’aiens), do verbo em inglês to comply, termo já acolhido na língua portuguesa[1], é a obediência ao estabelecido, à lei ou contrato

Muito já se falou a esse respeito, desde que as regras, os parâmetros, as diretrizes estabelecidas foram (e estão sendo) implementadas no mercado corporativo.

Trazido à gestão condominial, como se sabe, refere-se exatamente ao cumprimento de todas as normas legais e regulamentares, à observância das atividades e das diretrizes afetas a esse tipo específico de “negócio”.

O que quero ressaltar aqui é: o compliance tem sido praticado por várias administradoras de condomínios há tempos.

Sim, afinal, quando essa empresa é toda estruturada em diversos departamentos, seções ou gerências, chame como quiser!, ela atende a todos os requisitos teóricos do conjunto de disciplinas abrangidas pelo compliance, e contempla todas as frentes, vamos assim dizer, da gestão do empreendimento.

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A financeira, a tributária, de pessoal, de compras e orçamentos, de manutenção, etc., a gestão administrativa propriamente dita, enfim, tudo aquilo que pressupõe uma administração proativa, mesmo sem declarar que se aderiu ao compliance, este esteve, e está, presente desde sempre.

Ao fim e ao cabo, a conclusão – triste, no meu entender – é que a preocupação maior pode ser não o resultado final a partir da adoção dessas práticas, mas simplesmente, se “apropriar” do termo compliance, pois, como se sabe, o mercado A-D-O-R-A termos em outros idiomas, especialmente em inglês.

Ah sim, quanto ao título, este artigo foi publicado no dia 29 de fevereiro, para registro de que 2020 é ano bissexto.

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[1] Significado de Compliance: substantivo feminino e masculino[Neologismo] Ação de cumprir uma regra, procedimento, regulamento etc., geralmente estabelecidos por uma instituição e para ser cumpridos por quem dela faça parte. Disponível em https://www.dicio.com.br/compliance/. Acesso em 28/02/2020.

 

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O aumento do nível do mar poderá desalojar 187 milhões de pessoas até 2100

Um novo estudo internacional afirma que a elevação do nível do mar resultante do derretimento acelerado do gelo na Groenlândia e na Antártica poderia ter “consequências profundas para a humanidade”.

Se não fizermos nada para conter a mudança climática e o mais severo aumento de temperatura global ocorrer nas próximas décadas, o nível do mar aumentará a ponto de deslocar centenas de milhões de pessoas.

Derretimento de gelo sem precedentes

Sabemos que o gelo da Groenlândia e da Antártica está derretendo há anos, mas só agora percebemos a rapidez com que isso está ocorrendo.

Por exemplo, a Groenlândia está derretendo seis vezes mais rápido agora do que há quatro décadas, liberando uma média de 286 bilhões de toneladas de gelo por ano.

Nos anos 1980, a Antártica perdia 40 bilhões de toneladas de gelo anualmente. Na última década, esse número saltou para uma média de 252 bilhões de toneladas por ano.

Ajustando os cálculos, os pesquisadores descobriram que, no pior cenário possível, em que o planeta esquenta 5 graus Celsius nos próximos 80 anos, o gelo derretido poderia elevar o nível do mar em cerca de dois metros em todo o mundo.

Isso significa que grandes cidades costeiras como Nova York e Xangai iriam inundar, deslocando até 187 milhões de pessoas até 2100.

Pior cenário possível

Com aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros quadrados de tamanho, a camada de gelo da Groenlândia cobre uma área quase sete vezes maior que o estado de São Paulo.

Juntamente com a camada de gelo da Antártica, ela contém mais de 99% da água doce do mundo, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo. A maior parte dessa água é congelada.

À medida que a atividade humana envia mais gases de efeito estufa para a atmosfera, os oceanos absorvem 93% do excesso de calor que os gases retêm. O ar e a água mais quentes estão levando os lençóis de gelo a derreter a taxas sem precedentes.

Em 2013, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da Organização das Nações Unidas previu que o nível do mar aumentaria em até 97 centímetros até 2100 se as emissões de carbono continuassem a aumentar.

As previsões do novo estudo são mais que o dobro da estimativa da ONU. Embora as chances do “pior cenário possível” acontecer sejam estimadas apenas em torno de 5%, os cientistas relatam que é “plausível” que os oceanos globais realmente aumentem dois metros até o ano 2100.

Tragédia

É importante estar ciente deste cenário sombrio. Níveis mais altos do mar podem resultar em uma perda de 1,8 milhão de quilômetros quadrados, uma área maior que a França, a Alemanha, a Espanha e o Reino Unido combinados.

aumento do nível do mar

Nesse caso, grandes cidades costeiras como Londres, Nova York e Xangai seriam ameaçadas por inundações extremas. Pequenas nações insulares do Pacífico, como Vanuatu, se tornariam inabitáveis ​​ou desapareceriam por completo. E muitas das terras perdidas seriam “regiões críticas de produção de alimentos”, lugares como o delta do rio Nilo, na África.

No total, até 2,5% da população mundial atual seria afetada, criando até 187 milhões de refugiados climáticos.

“Para colocar isso em perspectiva, a crise de refugiados na Síria resultou em cerca de um milhão de pessoas vindo para a Europa”, disse Jonathan Bamber, principal autor do novo estudo, da Universidade de Bristol (Reino Unido). “Isso é cerca de 200 vezes menos do que o número de pessoas que seriam deslocadas em um aumento de dois metros no nível do mar”.

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2019/05/23/152122-o-aumento-do-nivel-do-mar-podera-desalojar-187-milhoes-de-pessoas-ate-2100.html   Acesso 20/02/2020.

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O zelador, esse herói!

Neste mês de fevereiro, dia 11, comemora-se o Dia do Zelador.

Essa comemoração teria que ser com toda “pompa e circunstância”, dada a relevância que esse profissional tem no dia a dia do condomínio, fato esse já cantado e contado em verso e prosa.

Suas atribuições também são bem conhecidas, então posso me furtar a listá-las…

De qualquer forma, é uma extensa lista de afazeres diários, semanais, mensais, semestrais, anuais, observando e checando as condições dos equipamentos elétricos, hidráulicos, inclusive aqueles que fazem parte do combate contra incêndios, fachadas, elevadores, sistema de telefonia e interfonia, de pressurização, portões, grupo gerador, se houver, rotas de fuga, área de garagem, jardins, etc., etc., etc.

Na prática, é o coringa na manga do síndico, seja este morador ou não, peça-chave para uma administração efetiva, eficaz e eficiente.

Há quem afirme que nesses dias atuais, com tantas novas exigências, não há mais espaço para aquele zelador das antigas, nosso velho amigo, o grande quebra-galhos de todas as horas, o sujeito que, achando uma brecha na sua concorrida agenda diária, não hesita em ajudar a condômina do ap. 117, que mora sozinha e não entende nada de torneira vazando.

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Não concordo.

Embora o novo zelador – já enquadrado diante da crescente profissionalização na gestão, diante do surgimento de outras competências, principalmente em razão da vertiginosa evolução de tecnologias que a envolvem – esteja cada vez mais presente em empreendimentos de maior complexidade, como os condomínios-clube, os comerciais, os mistos, os de logística, dentre outros, ainda há espaço para o profissional ‘tradicional’.

Por exemplo, aqueles residenciais considerados pequenos, isto é, com poucas unidades, preferencialmente um só bloco, área de lazer restrita, moradores de longa data, são o nicho perfeito para o zelador das antigas.

Ele é tão profissional quanto o outro, apenas se posiciona e age em face da realidade do condomínio em que está inserido, às vezes, há muitos e muitos anos. É aquela pessoa que, quanto se aposenta, mais comumente, ou sai qualquer que seja o motivo, os moradores efetivamente sentem sua falta.

Que fique claro que não sou insensível à natural evolução das coisas, apenas acho que (ainda) há mercado para ambos os perfis.

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O alerta de cientistas para evitar o desaparecimento de insetos

Cientistas de diferentes países se uniram para pedir, por meio de um artigo na revista Nature Ecology and Evolution, ações imediatas para a preservação dos insetos, além de medidas que melhorem os ecossistemas e a sociedade em geral.

Segundo os 75 pesquisadores que assinam o roteiro de ações, a eliminação gradual de pesticidas e a diversificação das terras agrícolas, por exemplo, podem ajudar a salvar espécies ameaçadas.

“Nós colhemos o que plantamos”, disse Jeff Harvey, ecologista do Instituto de Ecologia da Holanda e principal autor do documento. “É óbvio que o declínio de insetos afetará outras espécies da cadeia alimentar, e não podemos colocar pequenos curativos nisso.”

A biodiversidade da Terra está diminuindo a uma escala sem precedentes. Enquanto isso, os dados populacionais sobre insetos ainda são irregulares. Ainda assim, para os autores do texto, é possível e necessário agir de imediato, ajudando ecossistemas mesmo que não seja possível comprovar benefícios para espécies isoladamente.

abelhas imprescindíveis

“Apocalipse de insetos”

No ano passado, um artigo publicado na revista Biological Conservation gerou manchetes anunciando um “apocalipse de insetos” e o “colapso da natureza”, ao constatar que 40% das espécies de insetos poderiam estar sob ameaça de extinção em algumas décadas. Alguns especialistas criticaram o artigo pelo uso de termos tendenciosos e por avaliar mal o risco de extinção.

“Poucos dados estão disponíveis para a maioria das espécies, por isso é simplesmente falso afirmar que existe um consenso científico de que os insetos estão em declínio global”, disse Manu Saunders, ecologista da Universidade da Nova Inglaterra, por e-mail. “É uma questão muito diferente da dos insetos que estão sob ameaça real por várias razões, particularmente limpeza de terras, pesticidas, mudanças climáticas etc.”

A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), painel convocado pela ONU que reúne especialistas em ecologia, classificou provisoriamente a cifra de espécies ameaçadas de insetos em 10% no ano passado, no estudo mais abrangente já realizado.

“Acho que, globalmente, temos um declínio considerável de espécies”, afirma Josef Settele, ecologista do Centro Alemão Helmholtz de Pesquisa Ambiental e copresidente do relatório do IPBES. “40% parece muito alto e 10%, em nossa avaliação global, muito baixo, mas esse é o intervalo.”

Mesmo que os pesquisadores discordem quanto às tendências gerais, eles se unem em três pontos: a importância dos insetos para a humanidade, as ameaças crescentes que eles enfrentam e a falta de ação para preservá-los.

Os insetos desempenham um papel vital nos ecossistemas, e os seres humanos são particularmente dependentes deles para alimentação. Onde menos minhocas reabastecem o solo e as populações cada vez menores de abelhas e borboletas lutam para polinizar as colheitas, o suprimento de alimentos pode cair catastroficamente.

O relatório do IPBES estimou que até 577 bilhões de dólares (522 bilhões de euros) na produção agrícola anual estão em risco como resultado apenas da perda de polinizadores.

Perdas globais

Na Austrália, onde Manu Saunders trabalha, incêndios violentos agravados pela mudança climática deixaram estragos na vida selvagem. O fogo, que se alastrou por uma área maior que a de Portugal, matou cerca de um bilhão de animais, com alguns sobreviventes buscando refúgio em cursos de água e até tocas para escapar do calor.

Uma análise preliminar do governo na semana passada descobriu que os incêndios queimaram mais da metade do habitat de 114 espécies ameaçadas.

Entre elas está a cochonilha, um inseto em perigo de extinção que se acredita viver apenas em um único tipo de arbusto, vulnerável a doenças, incêndios e mudanças climáticas. É uma das quatro espécies de insetos em uma lista de 327 espécies vulneráveis ​​que viram pelo menos 10% de seu habitat conhecido afetado pelos incêndios.

“O maior problema é que temos muito poucos dados sobre as espécies de insetos que estavam nesses locais antes do incêndio, então não temos como saber quantas foram afetadas e em quais locais”, diz Saunders.

A perspectiva de incêndios mais intensos e frequentes na Austrália – e as dificuldades que as florestas devem enfrentar ao voltar a crescer – provocaram temores sobre as populações de insetos no longo prazo.

Pressão agrícola

Na Alemanha, onde a perda de insetos é mais bem documentada, a velocidade e a escala do declínio chocaram os cientistas. Um estudo publicado na revista Plos One em 2017 observou uma queda de 76% dos insetos voadores nas reservas naturais ao longo de quase três décadas.

A perda de população não se limitou a criaturas bem estudadas, como abelhas e borboletas, mas abrangeu insetos voadores como um todo, e foi documentada em áreas supostamente protegidas da ação de seres humanos. Os pesquisadores sugerem que a agricultura e os pesticidas agravaram o declínio, observando que quase todas as reservas estavam cercadas por terras agrícolas.

Em setembro passado, o governo alemão anunciou um plano de ação de 100 milhões de euros por ano que inclui a proteção de habitats, a eliminação gradual do controverso herbicida glifosato e a redução da poluição, em um esforço para combater a perda de insetos. Um quarto do financiamento será destinado à pesquisa.

Os cientistas que escreveram o roteiro para a conservação dos insetos veem a Alemanha como um exemplo a ser seguido. Mas o foco na proteção de insetos sem grandes reformas agrícolas deixou algumas incertezas.

A agricultura industrial, pesticidas e monoculturas representam grandes ameaças. E esse contexto, por sua vez, põe em risco as colheitas e o suprimento de alimentos, de acordo com um “atlas de insetos” publicado em janeiro pela Fundação Heinrich-Böll, pela Amigos da Terra Alemanha (Bund) e o jornal Le Monde Diplomatique.

A Alemanha é forte na proteção de insetos, mas falha em assumir o papel da agricultura nesse problema, diz Christine Chemnitz, especialista em política agrícola da Fundação Heinrich-Böll e líder do projeto do atlas. “Apoiamos totalmente [o programa de proteção], mas o vemos de forma crítica, porque a política agrícola também precisa mudar urgentemente.”

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2020/01/30/156808-o-alerta-de-cientistas-para-evitar-o-desaparecimento-de-insetos.html. Acesso 8/02/2020.

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