Como a poluição do ar pode afetar gravemente nossa saúde mental

Pode ser que no futuro a polícia conte com um novo método para ajudar na prevenção ao crime: saber os níveis de poluição nas cidades. E, com o resultado dessa aferição, ela poderá voltar sua atenção e recursos para aquelas áreas onde o ar se mostrar mais sujo.

Você deve estar se perguntando: mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

Pode ser que no futuro elas tenham tudo a ver.

Pesquisas recentes sobre os efeitos da poluição nos seres humanos mostraram que, além de problemas de saúde mental, de piora da capacidade de julgamento e do desempenho escolar, ela também pode estar ligada a um aumento dos níveis de criminalidade.

Essas descobertas são alarmantes, uma vez que mais da metade da população mundial vive em ambientes urbanos – e cada vez mais viajamos para áreas poluídas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que nove entre dez pessoas frequentemente respirem níveis considerados perigosos de ar poluído. A poluição do ar mata cerca de sete milhões de pessoas por ano.

Mas será que poderíamos em breve acrescentar números de homicídio à essa conta?

A BBC Future mostra a seguir quais as evidências mais recentes sobre esse tema.

Ar poluído prejudica o raciocínio

Em 2011, o pesquisador Sefi Roth, da universidade London School of Economics, em Londres, decidiu estudar os muitos efeitos da poluição do ar.

Ele estava ciente do impacto negativo dela na saúde, do aumento de internações hospitalares e também da mortalidade. Mas, pensou, talvez houvesse outros efeitos colaterais em nossas vidas.

Roth conduziu um estudo para saber se a poluição afetava o desempenho cognitivo.

Ele e sua equipe observaram estudantes fazendo provas em dias diferentes – e mediram a quantidade de poluição nestas datas.

Todas as outras variáveis permaneceram as mesmas: os exames foram feitos por estudantes de níveis semelhantes de educação, no mesmo local, mas ao longo de vários dias.

O pesquisador descobriu que a variação nos resultados médios era muito diferente. Nos dias mais poluídos, os alunos obtiveram as piores notas. E quando o ar estava mais puro, as notas eram melhores.

“Percebemos um claro declínio [do desempenho] nos dias mais poluídos”, diz Roth. “Mesmo alguns dias antes e alguns depois, não encontramos nenhum efeito – foi apenas no dia do exame que a pontuação do teste diminuiu significativamente.”

Para determinar os efeitos a longo prazo, Roth decidiu ver o impacto que o desempenho nesses testes teve entre oito e dez anos depois.

Aqueles alunos que tiveram pior desempenho nos dias mais poluídos acabaram indo estudar em universidades nas quais as notas para admissão eram mais baixas – e aqueles testes que eles haviam feito contabilizam pontos para entrar na faculdade.

Eles também estavam ganhando menos. “Portanto, mesmo que haja um efeito de curto prazo da poluição, se este ocorrer em uma fase importante da vida, poderá ter um impacto de longo prazo”, afirma.

Aumento da criminalidade

Em 2016, outro estudo referendou as descobertas iniciais de Roth de que a poluição pode diminuir a produtividade.

Essas descobertas levaram ao trabalho mais recente de Roth.

Em 2018, sua equipe analisou dados de crimes em um período de dois anos em mais de 600 áreas de Londres e descobriu que o número de pequenos delitos era maior nos dias com poluição excessiva tanto em áreas ricas quanto nas mais pobres.

Embora devamos ser cautelosos em tirar conclusões sobre correlações como essas, os autores viram algumas evidências de que existe um nexo de causalidade.

Como parte do mesmo estudo, eles compararam áreas muito específicas ao longo do tempo, bem como acompanharam os níveis de poluição nesse período.

Uma nuvem de ar poluído, afinal, pode se mover dependendo da direção do vento. Isso leva a poluição a diferentes partes da cidade, a áreas mais ricas e mais pobres.

“Apenas seguimos essa nuvem diariamente e vimos o que aconteceu com a criminalidade nas áreas onde ela chegava. Descobrimos que, onde quer que ela chegasse, a taxa de criminalidade aumentava”, ele explica.

É importante ressaltar que mesmo a poluição moderada fez diferença. “Descobrimos que esses grandes efeitos sobre o crime também aparecem quando a poluição está em níveis que estão bem abaixo dos padrões regulatórios atuais.”

Em outras palavras, os níveis que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA classifica como “bons” ainda estavam fortemente vinculados às taxas de criminalidade mais altas.

Embora os dados de Roth não tenham encontrado um forte efeito sobre crimes mais graves, como assassinato e estupro, outro estudo de 2018 mostrou que é possível haver um vínculo entre estes e a poluição.

A pesquisa, liderada por Jackson Lu, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), examinou dados criminais de um período de nove anos em mais de 9 mil cidades dos Estados Unidos.

E descobriu que “a poluição do ar previa seis categorias principais de crime” incluindo homicídio culposo, estupro, roubo, roubo de carros e assaltos.

As cidades com maior índice de poluição também apresentaram as maiores taxas de criminalidade.

Este foi outro estudo correlacional, mas que agregou fatores como população, níveis de emprego, idade e sexo – e a poluição ainda era o que mais conseguia prever o aumento dos níveis de criminalidade.

Outra evidência da relação entre criminalidade e poluição vem de um estudo de “comportamento delinquente” (incluindo fraude, roubo, vandalismo e uso de drogas ilícitas) feito com mais de 682 adolescentes.

Diana Younan e seus colegas da Universidade do Sul da Califórnia (USC) analisaram especificamente as minúsculas partículas PM2.5, que são 30 vezes menores que a largura de um fio de cabelo humano, e consideraram o efeito cumulativo da exposição a esses poluentes por um período de 12 anos.

Mais uma vez, os pesquisadores notaram que um “mau comportamento” foi significativamente mais provável em áreas com maior poluição.

Para comprovar essa relação, que não poderia simplesmente ser explicada pelo status socioeconômico, a equipe de Younan também levou em consideração a educação dos pais, a pobreza, a qualidade de sua vizinhança e muitos outros fatores para isolar o efeito das micropartículas em comparação com outros conhecidos fatores que influenciam os crimes.

Younan diz que suas descobertas são especialmente preocupantes, pois sabemos que o comportamento de um indivíduo durante a adolescência é um forte indicador de como ele se comportará como um adulto.

Indivíduos delinquentes têm maior probabilidade de apresentar resultados piores na escola, vivenciam o desemprego e são mais propensos ao abuso de substâncias. Isso significa que uma intervenção em idade precoce deve ser uma prioridade.

poluição afeta cérebro

Poluição e julgamento moral

Existem muitos mecanismos que podem explicar como a poluição do ar afeta nossos julgamentos morais.

Lu, por exemplo, mostrou que apenas o fato de pensar na poluição pode influenciar nossa mente por meio de suas associações negativas.

Naturalmente, os pesquisadores não puderam expor fisicamente os participantes à poluição, então mostraram aos participantes americanos e indianos fotos de uma cidade extremamente poluída e pediram que se imaginassem morando lá.

“Nós os fizemos experimentar psicologicamente os efeitos da poluição”, explica Lu. “Então, pedimos a eles que realmente se imaginassem vivendo nesta cidade para ver como se sentiriam, para fazê-los experimentarem psicologicamente como seria a sensação de viver num ambiente poluído e num ambiente com ar limpo.”

Ele descobriu que a ansiedade dos participantes aumentava e eles se tornavam mais autocentrados – duas coisas que poderiam aumentar comportamentos agressivos e irresponsáveis.

“Como mecanismo de autoproteção, todos sabemos que, quando estamos ansiosos, a probabilidade de socar alguém é maior do que quando estamos calmos”, diz Lu. “Então, ao aumentar ansiedade das pessoas, a poluição do ar pode ter um efeito prejudicial no comportamento.”

Em outros experimentos, a equipe descobriu que os participantes que viviam em condições com mais poluição tinham maior probabilidade de trapacear em várias tarefas e superestimar seus desempenhos para obter recompensas.

Esta pesquisa é apenas o começo, e pode haver muitas razões para o surgimento de efeitos como o aumento da ansiedade e do foco em si mesmo descritos no trabalho de Lu – incluindo mudanças fisiológicas no cérebro.

Quando você respira ar poluído, por exemplo, isso afeta a quantidade de oxigênio que você tem em seu corpo em um dado momento – o que, por sua vez, pode resultar na redução do “ar bom” para o cérebro.

Além disso, pode irritar o nariz, a garganta e causar dores de cabeça – o que pode diminuir nossos níveis de concentração.

Também está claro que a exposição a vários poluentes pode causar inflamação no cérebro e danificar sua estrutura e as conexões neurais. “Então, o que pode estar acontecendo é que esses poluentes do ar estão danificando o lobo pré-frontal”, diz Younan.

Esta área é muito importante para controlar nossos impulsos, nossa função executiva e o autocontrole.

Então, além de poder fazer com que a propensão ao crime aumente, a poluição também pode causar um sério declínio na saúde mental.

Um estudo de março de 2019 mostrou que adolescentes expostos ao ar tóxico e poluído apresentam maior risco de ter episódios psicóticos, como ouvir vozes ou apresentar paranoia.

A pesquisadora Joanne Newbury, do King’s College de Londres, diz que ainda não pode afirmar que seus resultados são causais, mas que eles estão de acordo com outros estudos que sugerem uma ligação entre a poluição do ar e a saúde mental.

“Isso se soma às evidências que ligam a poluição do ar a problemas de saúde física e à demência. Se é ruim para o corpo, é de se esperar que seja ruim para o cérebro”, afirma.

Os pesquisadores dizem que agora é preciso haver uma maior conscientização sobre o impacto da poluição do ar. “Precisamos de mais estudos mostrando a mesma coisa em outras populações e grupos etários”, diz Younan.

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2019/06/18/152527-como-a-poluicao-do-ar-pode-afetar-gravemente-nossa-saude-mental.html. Acesso 30/01/2020.

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Não compre imóvel em condomínios…

… antes de ler este artigo!

Comprar ou mesmo alugar um imóvel num condomínio, especialmente nos residenciais, requer uma série de cuidados prévios que nem sempre é observada.

A primeira providência é obter cópia da convenção e do regimento interno do edifício, e estudá-las com atenção.

Explico porquê.

Antes, porém, uma experiência que tive na cidade de São Paulo, tida como uma das mais “adiantadas” quando o assunto é condomínios, e gestão condominial. Num estande de vendas de um empreendimento classe média, bairro Bela Vista, (relativamente) próximo à Avenida Paulista, comes e bebes incluídos, garçons simpáticos distribuindo acepipes, prosecos de boa marca, uma legião de (tidos como) corretores uniformizados, olhos ávidos à busca de um cliente, eis que a simpática senhorita que nos atendeu (estávamos eu e minha esposa) se descompõe quando peço a ela uma cópia da minuta da convenção do condomínio.

Sem querer, a princípio, admitir que não sabia do se tratava, mas visivelmente desconfortável, ela pede licença e se afasta da mesa em que sentávamos, e se dirige a um sujeito engravatado, que gesticula, faz caretas, ajeita o cabelo, para finalmente apontar para outra pessoa sentada à frente de um computador.

Resumindo a ópera, depois de bons 15 ou 20 minutos, chega nossa anfitriã com um calhamaço de mais de quarenta páginas, impressas de um só lado.

Moral da história: (quase) ninguém, em qualquer fase do empreendimento, se lembra de ler atentamente a convenção e regimento!

Recentemente, uma grande amiga, em conversa informal durante uma carona do trabalho à casa, me comunicou toda alegre e contente (claro!) que havia se comprometido na compra de um apartamento num determinado condomínio. Atualmente (e há anos) morando em condomínio, e sabedora do meu envolvimento em gestão condominial não estranhou quando perguntei se tinha lido a convenção, mas, acabou confessando “que não se lembrou de ver isso”.

Minha sogra, que sempre me prestigiou nos lançamentos dos meus livros, também já protagonizou eventos desse naipe.

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Voltando agora ao “explico porquê”, há convenções e regimentos com preceitos para lá de esdrúxulos, com determinações que, quando não são de pronto inaceitáveis, até ilegais, decididamente não se enquadram no seu estilo de vida e de sua família.

Somente para exemplificar, algumas estipulam direito de o incorporador pagar apenas um percentual, bem abaixo do valor da cota condominial enquanto seus imóveis não forem comercializados, outras disciplinam de tal forma a utilização da garagem que seu SUV não entra na vaga, e, talvez pior, não tem espaço definido para sua moto de 1000 cilindradas, outras ainda que podem proibir a presença dos amiguinhos de seu filho na piscina, na quadra ou no parquinho, e aquelas que, apesar de ‘garantir’ vagas de garagem para cada unidade, estipulam a necessidade da contratação de manobristas (24 x 7), pois não há vaga suficiente para todos, onerando o valor da cota condominial.

É vital que, antes, muito antes de decidir morar num imóvel dentro de um condomínio, seja como comprador, locatário, a qualquer título, você se familiarize com os textos da convenção e do regimento interno desse empreendimento, além, quando for o caso, com as atas das principais assembleias havidas até então.

Se se tratar de lançamentos, ou de novos condomínios ainda não instalados*, há outras questões que precisam ser verificadas, como já abordado pelo blog.

[*Assembleia de instalação, como sabe, é a primeira, aquela que faz com que o condomínio passe da condição “de construção” para a condição “de utilização”, momento a partir do qual construtora ou incorporadora sai de cena, a gestão integral do empreendimento passa aos cuidados exclusivos dos condôminos].

Não assine qualquer papel antes de dirimir todas as dúvidas, consulte um profissional experiente e habilitado quando as respostas obtidas do vendedor, da imobiliária ou da própria administração do condomínio não forem satisfatórias e conclusivas.

É um tempo que vale a pena ser “perdido”, cada centavo gasto nessa empreitada pode significar segurança e tranquilidade no futuro!

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Veja o aumento da temperatura nas maiores cidades do mundo até 2050

A pesquisa “entendendo as mudanças climáticas a partir de uma análise global entre cidades” publicada na revista científica PLOS ONE pelo The Crowther Lab da ETH Zurich, nos apresenta uma visão de futuro bastante preocupante.

A pesquisa faz uma análise das condições climáticas de mais de 500 cidades com mais de 1 milhão de habitantes em diferentes partes do mundo, projetando o impacto das mudanças climáticas e do aquecimento global na temperatura média destas cidades, inspirando as pessoas à agir e cobrar mais comprometimento das autoridades mundiais em relação ao tema.

A pesquisa procurou responder à algumas perguntas: Quantas das cidades analisadas apresentarão transformações consideráveis em suas condições climáticas? Em quantas destas cidades o clima atingirá temperaturas inéditas e situação climáticas imprevisíveis? E finalmente, o aquecimento global é um fenômeno que afeta o planeta de forma uniforme ou pontual?

“Incluso no cenário mais otimista, encontramos que um 77% das cidades analisadas provavelmente deverão experimentar uma transformação considerável em suas condições climáticas, se afastando cada vez mais de suas históricas condições atmosféricas típicas de sua região geográfica. Além disso, acredita-se que 22% das cidades atingirão temperaturas nunca experimentadas em nenhuma das outras cidades analisadas.”

São Paulo com o tempo seco

São Paulo com o tempo seco e temperatura na casa dos 25º C
Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

“Como uma tendencia geral, encontramos que todas as cidades tendem a apresentar temperaturas de cidades mais próximas das zonas tropicais, sendo que as cidades do hemisfério norte apresentarão um considerável aumento de temperatura, condições climáticas mais próximas de cidades que hoje se encontram em média, 1000 km mais ao sul, enquanto que as cidades de climas tropicais, apresentarão um clima muito mais seco que úmido.”

Quais serão as consequências para as grandes cidades da América Latina?

Buenos Aires terá um clima mais parecido com a cidade de Sidney na Austrália; Santiago será como Nicosia, a capital do Chipre; Quito apresentará um clima sul-africano como em Durban; A Cidade do México será como Gaborone no sul da África, O clima em São Paulo será como em Miami e a cidade de Sucre como a Cidade do México. Acompanhe a projeção comparativa das mudanças climáticas nas principais cidades do mundo através do mapa interativo do The Crowther Lab.

Artigo completo em: https://www.archdaily.com.br/br/921041/veja-o-aumento-da-temperatura-nas-maiores-cidades-do-mundo-ate-2050?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=2,652,002 . Acesso 16/01/2020.

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1 ou 3 condomínios?!!!

A unicidade do síndico na gestão de condomínios é questão incontroversa, evidenciada, claro, sua autonomia, atribuições e responsabilidades.

Será?!

E se…

…Um condomínio instituído com três torres, construções essas totalmente independentes entre si, separadas por muro e cada uma com sua própria área de lazer, endereço próprio com CEP e tudo.

A convenção, única, é cuidadosa quando atribui a administração a um síndico, auxiliado por subsíndicos.

Cada torre, ou subcondomínio, como é denominada pela mesma convenção, tem seu subsíndico, que administra suas receitas e despesas.

Não há uma prestação mensal de contas do condomínio como um todo, dito “geral”.

O síndico, não orgânico, ‘dá expediente’ numa dessas torres, a única com um espaço reservado para a Administração; quando necessário, ele é convocado para as chamadas “reuniões mensais” ou “assembleias setoriais”, momento em que é tratado assunto restrito a uma só torre e que não traga reflexo a outro setor e/ou subcondomínio dele.

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Nesses encontros são decididas todas as questões atinentes à administração propriamente dita de cada torre, individualmente, como compras de materiais e equipamentos, manutenções, contratações ou dispensa de funcionários, etc.

Como o regimento interno, ainda parte integrante da convenção, é algo vago, a Administração decidiu afixar placas nas diversas áreas de lazer com lembretes aos condôminos, algumas dessas sem qualquer correlação com o texto regimentar.

Veja alguns exemplos: no regimento interno não há qualquer menção ao horário de utilização de determinado espaço, mas lá está a plaquinha estipulando quando tal local pode ser usado.

Outro, no regimento a idade mínima para frequentar as piscinas desacompanhado de um adulto é 15 anos; a plaquinha traz 10 anos. Ainda nas piscinas, enquanto a plaquinha proíbe recipientes com vidro, o regimento sequer menciona isso.

Pois… isso não é ficção, e tal empreendimento está localizado no estado de São Paulo.

A cereja do bolo é que, ao final, a convenção traz os quadros de áreas individualizadas por torre e também da edificação total, oportunidade em que ressalta que “servem para embasar eventual rateio de futura despesa de um deles sem reflexo em qualquer dos outros, e, também, para resguardar direitos no caso do empreendimento original com três torres vier a ser desmembrado em três edifícios separados e independentes entre si”.

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A agressão e o regimento interno

Nesses dias, aqui em Brasília, um condômino agrediu o porteiro do condomínio porque ele não permitiu que um entregador de comida subisse até o apartamento.

Passava das 11 horas da noite, exatamente às 23h43, e o porteiro, segundo as informações da imprensa, apenas cumpria o que determinava o regimento interno do condomínio, que proíbe entregas até a porta das unidades a partir das 23 horas.

Ou seja, quem recebesse entregas após esse horário teria necessariamente que descer até a portaria para pegar o que pediu.

As imagens (chocantes, desagradáveis, deprimentes) veicularam nas diversas mídias, repercussão essa devido ao agressor ser figura conhecida, ex-deputado federal e policial civil aposentado.

A agressão, além de física, foi verbal, tendo o ex-parlamentar ameaçado o funcionário de morte.

Atitude inescusável do condômino, sem sombra de dúvida. Mas, ainda assim, há que se considerar que não se sabe o diálogo que houve entre eles quando o porteiro anunciou a entrega.

Faltou a ambos o que especialistas denominam de inteligência emocional: ao porteiro, supondo que não tenha sido ‘delicado’ quando comunicou ao ex-policial, conhecido “pavio-curto”, que ele teria que descer para pegar sua entrega, e a este, que poderia respirar fundo, reconhecer que o porteiro estava apenas cumprindo as regras… justo ele, ex-policial!

Esse momento de fúria, ao agredir o funcionário da portaria – e que poderia ter sido pior se condômino tivesse usado sua arma, que supostamente estaria em sua cintura – o que salta aos olhos é o despreparo que certas pessoas têm para morar em coletividade, e o evidente desinteresse em mudar isso!

regimento interno2

Alegar desconhecimento das normas, como fez o ilustre condômino, é o mesmo que queimar um caro equipamento eletro-eletrônico por não ter lido as instruções antes de usá-lo.

O que remete, nessa análise, ao Regimento Interno propriamente dito, aquele conjunto de regras que disciplinam a vida no intramuros condominial, sobretudo a convivência: o que pode, o que não pode, horários, se há taxas para utilização de certos ambientes (como o salão de festas, churrasqueira), a antecedência que deve ser observada, e tantas outras…

regimento interno

Um texto bem elaborado, sem conflitos com a convenção, é (pode ser) o refúgio a que o síndico recorre quando há eventos como esse, impondo as sanções lá descritas ao infrator, e pode propiciar “segurança administrativa” aos funcionários, se se pode assim denominar, quando precisam contrariar um condômino, como nesse caso aqui relatado.

É salutar, portanto, sempre relembrar as regras do regimento interno e convenção nos documentos oficiais do condomínio, como boletos, cartas e circulares, pinçando no texto completo alguns trechos e transcrevendo-os, além de fixá-los nos quadros de aviso de quando em quando.

Lembramos o artigo Regimento interno e convenção. Quórum para modificá-los, publicado sob a categoria ‘leis e normas’, em 12/10/18.

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Humanidade já esgotou os recursos renováveis de 2019

A humanidade atingiu nesta segunda-feira (29/07) o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para 2019. A data, chamada Dia da Sobrecarga da Terra, é calculada pela organização internacional Global Footprint Network (GFN).

A cada ano, a população mundial consome mais terras aráveis, pastagens, áreas de pesca e florestas do que as disponíveis realmente. Além disso, emite muito mais CO2 do que as florestas e oceanos do mundo podem absorver. Por isso, o Dia da Sobrecarga acontece cada ano mais cedo. No ano passado, havia sido em 1º de agosto e, em 1971, o primeiro ano de sobre consumo global, foi em 21 de dezembro.

dia da sobrecarga da Terra 2019

A Global Footprint Network, sediada na Califórnia, explicou que os custos desse consumo são cada vez mais visíveis, por exemplo, através do desmatamento, da erosão do solo, da perda de biodiversidade ou do aumento do CO2 na atmosfera terrestre. Segundo o GFN, “este último leva a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes”.

O dia da exaustão de reservas naturais resulta de uma média global, já que alguns países consomem seus recursos mais rápido que outros. A organização de proteção ambiental WWF afirmou que no Catar, por exemplo, o Dia da Sobrecarga foi atingido nos primeiros 42 dias deste ano. Já em Cuba, Nicarágua, Iraque, Equador e Indonésia, só acontecerá em dezembro. A Alemanha havia esgotado em 3 de maio os seus recursos naturalmente disponíveis para 2019. No caso do Brasil, será neste 31 de julho.

De acordo com as organizações ambientalistas, a população mundial consome hoje em dia o correspondente a 1,75 Terra, em termos puramente matemáticos. Se todos os humanos vivessem como os alemães, seriam necessários três planetas iguais ao nosso. Se toda a humanidade tivesse os mesmos hábitos de consumo dos cidadãos dos Estados Unidos, teriam de ser cinco Terras. Nessa mesma conta, os brasileiros precisariam de 1,7 planeta para suprir todas as necessidades.

número de Terras necessárias

Os déficits ecológicos anuais começaram na década de 1970, segundo o GFN, comprometendo a futura capacidade regenerativa do planeta. Em 1993, o Dia da Sobrecarga da Terra caíra em 21 de outubro. Dez anos depois, em 2003, foi em 22 de setembro.

Atualmente, as emissões de carbono da queima de combustíveis fósseis constituem 60% da pegada ecológica da humanidade. Se o Dia da Sobrecarga fosse adiado cinco dias por ano, até 2050, o consumo global poderia se igualar aos recursos disponíveis no planeta, informa o GFN. Substituir, por exemplo, 50% do consumo de carne por comida vegetariana iria mudar o Dia da Sobrecarga em 15 dias (10 dias somente pela redução das emissões de metano pelo gado).

Para ajudar a humanidade a diminuir o consumo para níveis sustentáveis, a GFN oferece uma calculadora de pegada ecológica nos idiomas hindi, inglês, chinês, francês, alemão, português, espanhol e italiano.

“Temos apenas uma Terra – este é o contexto final que define a existência humana”, diz o fundador da GFN, Mathis Wackernagel. “Não podemos usar 1,75 planeta sem consequências destrutivas. Em última análise, a atividade humana será equilibrada com os recursos ecológicos da Terra”, afirma Wackernagel. “A questão é se escolhemos chegar lá por acidente ou por projeto – a miséria de um planeta ou sua prosperidade.”

Fonte: https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2019/07/30/153172-humanidade-ja-esgotou-os-recursos-renovaveis-de-2019.html   Acesso 5/11/2019.

 

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“Quem quer ser síndico profissional?”

O mercado tem sido pródigo em oferecer eventos voltados aos condomínios.

São congressos, painéis, ciclos de palestras, fóruns, cafés com síndicos, simpósios, almoços técnicos, encontros regionais, programas de rádios, …

Cursos, então, de síndico profissional e gestão condominial, há uma infinidade, para todos os gostos e bolsos: intensivos, extensivos, gratuitos, caros, mediante doação de dois quilos de alimentos, presenciais e à distância, com conteúdos relevantes, outros nem tanto…

Há os que ‘vendem’ o que se poderia chamar de “capacitação instantânea”, aquela em que você, que nunca tinha ouvido falar de gestão condominial, e zás!, depois de algumas horas durante o final de semana, se torna um experiente e capacitado síndico profissional.

Pronto a captar alguns bons condomínios para administrar, ótima receita mensal, vida mansa, e… sucesso?!

Pode ser… Ou não! A complexidade que permeia esse segmento via de regra “pega” de surpresa o ‘síndico instantâneo’; mais cedo ou mais tarde ele vai se ver às voltas com questões sensíveis, nevrálgicas, às vezes submetendo expressivo prejuízo financeiro ao(s) seu(s) cliente(s).

Ou seja, algo que não se sustenta.

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Trago isso à reflexão para que sejamos mais criteriosos quando procuramos nos capacitar, atualizar ou conhecer uma nova atividade: há que ser de qualidade, com instituições e profissionais reconhecidos, estes pelo mercado e aquelas pelos órgãos oficiais, de preferência com o aval de pessoas conhecidas que já frequentaram esses cursos.

As máximas “é bem barato, então vou me inscrever”, ou “eles não são tão exigentes, então dá para encarar já que não tenho muito tempo”, não devem balizar sua decisão, de forma alguma.

É só o certificado que te interessa? As chamadas ‘fábricas de diploma’ estão por aí, ao alcance de todos: cursos sem estrutura e grade curricular incompleta que não exigem nada do aluno, não há avaliação das disciplinas (ou módulos), sequer controlam o índice de frequência, o que importa, parece, é o financeiro estar em ordem… Assuma o risco depois.

Não?! Se o que procura, então, é se atualizar na sua principal atividade profissional, dominar a teoria daquilo que tem (um pouco de) prática, ou perscrutar quem sabe uma nova profissão, há que ser mais seletivo, mais cuidadoso, algo cético quanto às falsas promessas de “capacitação instantânea”, porque as há aos borbotões.

 

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Descarte de medicamentos e suas embalagens

Recentemente, em aula para uma excelente turma de MBA em Gestão e Direito Condominial, o tema veio à baila e qual foi minha surpresa da reação dos alunos quando mencionei do meu hábito de guardar cartelas de comprimidos totalmente vazias para o correto descarte.

Apenas as embalagens secundárias de medicamentos, como as caixas de papelão, a bula, podem ser descartados no lixo de reciclagem comum. Essas cartelas, ou blísteres, potes de vidro ou plástico que estiveram em contato com o medicamento, são contaminadas por resíduos das substâncias químicas que o compõe.

Por isso, morando você em condomínio ou não, devem ser descartadas em pontos específicos de coleta, como farmácias, supermercados ou postos de saúde.

cartelas de remédios

Mas, cuidado!

A constância dessa prática demonstrou, ao longo do tempo, que farmácias e supermercados fazem o descarte correto apenas de sobras de medicamentos, como aquele blíster que não foi todo utilizado, ou medicamentos vencidos. E não aceitam o descarte de agulhas.

Os blísteres sem comprimidos, segundo informação verbal de uma funcionária de uma rede de farmácias que acolhe esse tipo de descarte, vão para o lixo comum!

É preciso, portanto, levá-los ao posto de saúde, onde você encontra um recipiente para o descarte de remédios e outro para agulhas.

Para complementar a abordagem sugiro a leitura do artigo “Você vai se surpreender! Veja isto!!!”, publicado em 24/09/2013, em “sustentabilidade”, e o site do Movimento Separe. Não pare, no link http://separenaopare.com.br/como-reciclar/blister-cartela-de-remedio/. (Acesso 11/10/19).

E, para finalizar, um importante lembrete: Não descarte os medicamentos vencidos no lixo comum, muito menos jogue os comprimidos no vaso sanitário.

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A importância dos parques urbanos e como eles influenciam na qualidade de vida nas cidades

Os parques urbanos, tiveram sua origem em meados do século XVIII, inicialmente pensados em ambientes de contemplação, com ligações filosóficas, religiosas e até políticas.

Independente da utilização do espaço, a essência do objetivo daquele ambiente esteve historicamente atrelado a um local de alta beleza cênica, em especial após a Revolução Industrial, que deu o impulso para a formação de densos aglomerados urbanos e forte industrialização dos países, apontando para a necessidade de um local de incentivo a atividades físicas e socialização.

Exemplos

Os também conhecidos como “pulmões verdes” das cidades, possuem inúmeros benefícios não apenas na qualidade de vida da população próxima, como também do estímulo e atratividade do ambiente para os animais nativos daquela região.

A título de exemplo, vale citar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, fundado em 13 de junho de 1808, criado como decisão do então príncipe regente português D. João para instalar uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais de várias partes do mundo.

Atualmente, o local possui área total de cerca de 137 hectares (equivalente a aproximadamente 137 campos de futebol) sendo utilizado para atividades de lazer, de educação ambiental e pesquisas científicas, tendo espécies símbolos da mata atlântica em seu interior como o macaco prego e o tucano-de-bico-preto.

Os parques também possuem seu espaço no ecoturismo nas cidades, podendo citar por exemplo o Parque Ibirapuera, em São Paulo, que em 2017 recebeu o título de parque mais visitado da América Latina, com aproximadamente 14 milhões de visitas, além de ser conhecido como um dos locais mais fotografados no mundo.

O Parque, inaugurado em 1954 e com cerca de 158 hectares, possui acesso gratuito para visitação e tem em suas instalações área para práticas esportivas, de lazer, atividades culturais e ambientes para contemplação cênica.

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Parque Ibirapuera, São Paulo. Fonte: Parque Ibirapuera Conservação

Obstáculos

Apesar de existirem inúmeros parques de alta importância cultural, conservacionista e social nas cidades brasileiras, o Brasil ainda tem atuação tímida neste sentido; seja por obstáculos na implantação de espaços verdes, seja por questões sociais mais integradas com a rotina das cidades. Neste último item destaca-se pesquisa realizada pelo Instituto Semeia, que constatou que 43% dos entrevistados de regiões metropolitanas como Porto Alegre, Salvador, Manaus, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, não visita os parques urbanos das cidades onde moram devido a falta de segurança, instalações precárias e má iluminação noturna.

Soluções

Apesar disto, existem iniciativas em curso para tornar ambientes de menor porte, como praças e parquinhos, mais recorrentes e integrados com as grandes cidades, como é exemplo o Projeto Praças, que uniu a solução colaborativa entre cidadãos, órgãos públicos e iniciativa privada para recuperar praças abandonadas nas cidades.

A partir de aspecto socioambiental, existe o projeto comunitário Ecos da Praça, com foco em reeducação social, integrando educação, cultura e ecologia, para apoiar famílias em situação de risco social com capacitações para realocação no mercado de trabalho.

Além disso, vale citar também atuações para integrar fragmentos florestais nas cidades, como é o caso da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade, que cria corredores de vegetação (corredores ecológicos) e promovem práticas conservacionistas, aliados a inserção de trilhas, para incentivar a prática de atividades físicas e aumentar a área de circulação de animais selvagens, melhorando o desenvolvimento da flora local.

Disponível em: http://jd.ambientebrasil.com.br/accounts/98682/messages/594/clicks/3080/7098?envelope_id=578 

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Palestra na OAB/DF

Hoje vou ministrar a palestra “Condomínio. Conceito, historicidade e legislação” no 3º Encontro do Grupo de Estudos em Direito Condominial.

Venha! Evento gratuito.

OAB DF palestra dia 9.10.19

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